PELOS CAMINHOS DO SERTÃO: COMUNIDADE RIBEIRÃO DE AREIA/ MG
Ana Caroline de Lima
anna.caroline@live.com
Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo – Universidade Metodista de São Paulo (2010)
Pós-graduanda lato-sensu em Antropologia – Universidade Sagrado Coração
O atual período de seca enfrentado pelo estado de São Paulo trouxe à tona uma realidade vivida por muitos brasileiros há bastante tempo. As regiões norte e noroeste de Minas Gerais, por exemplo, viam nas veredas uma garantia de sobrevivência – caracterizadas por solos pantanosos e cercadas de vegetação nativa – com destaque para o buriti – as veredas costumavam ser conhecidas como ‘caixas d’água’ do sertão. Costumavam ser.
Os municípios de Januária, Urucuia, Bonito de Minas, Arinos e Riachinho contam quase que exclusivamente com a água proveniente de veredas, mas uma visita a comunidades rurais próximas mostra que essas áreas estão cada vez mais raras. Moradores do vilarejo de Ribeirão de Areia, distrito de Arinos, têm de andar longas distâncias à procura de água. Nessas regiões a riqueza é definida pela abundância de água nos arredores das residências.
Logo quando dona Da Silva se casou, aos quinze anos, o marido determinou que construíssem uma casa longe da civilização. Foi então que ela saiu de Arinos, cidadezinha a 654km de Belo Horizonte para um lugar onde a casa mais próxima está a dois quilômetros vereda adentro. Passados quarenta anos, a casa ainda não tem energia elétrica ou água encanada, mas ainda conta com a preciosidade que fez com que seu José – falecido há um ano – escolhesse o local para construir o lar: um pequeno riacho, de onde Da Silva tira água para higiene e consumo, além de ‘emprestar’ galões para os distantes vizinhos que enfrentam o sol do sertão à procura de um bem tão precioso.