“A FÉ QUE OS MOVE À MONTANHA: IDENTIDADE NACIONAL E RELIGIÃO EM TIMOR-LESTE”
Henrique Romanó Rocha,
Granduando em Antropologia pela UnB
O ensaio retrata parte de uma peregrinação anual do povo timorense ao topo do monte Ramelau em outubro de 2014. Este acontecimento é bastante expressivo e nos faz entender um pouco mais sobre este pequeno país, pois ele reúne representantes de todas as suas localidades (espalhadas por 14 mil quilômetros quadrados da metade oriental da ilha de Timor), idiomas (cerca de 30) e idades, que juntos percorrem o trajeto até os quase 3 mil metros de altura.
A montanha abriga um santuário católico dedicado a Nossa Senhora, mas já era considerada sagrada muito antes da cristianização da ilha. O topo da montanha abriga uma capela construída nos padrões arquitetônicos das casas sagradas timorenses, além de uma estátua de nossa senhora no ponto mais alto de Timor-Leste.
Segundo os timorenses o monte Ramelau é considerado o local mais sagrado de todo país por ser o destino de descanso das almas dos ancestrais, além de ser símbolo na luta da resistência armada contra a invasão indonésia (1975-1999). Isto nos faz pensar sobre a forte associação que a identidade nacional timorense tem com suas crenças e símbolos, não somente com o catolicismo, fazendo com que mais de 5 mil pessoas superem todas as dificuldades do árduo trajeto, como a íngreme trilha e a sensação térmica negativa, em nome de sua fé.





